naia alban
praça turca
(2006)
A Praça Turca é um bom exemplo. Fica óbvio que, ao pensarmos um espaço público no centro urbano de uma cidade do sertão baiano – Juazeiro –, imediatamente surge a necessidade de se criar sombras. E a necessidade de sombrear, nessa cidade do sertão baiano, é tão dramática quanto a de criar espaços vazios em seu centro comercial. Um centro onde colidem a herança de um tempo, cuja economia era voltada para a criação de gado, com a explosão comercial/turística da moderna cultura do vinho e dos hortigranjeiros.
Assim, a praça-sombra foi construída dentro de uma malha estrutural formada por pilares pré-moldados em concreto pigmentado de óxido amarelo. Essa malha sustenta uma estrutura metálica na forma de um parabolóide hiperbólico, que tenciona uma superfície tecida com tiras de placas feitas de material reciclado (pet, tetraplack). A superfície do piso, mesmo material dos pilares, cortada por diagonais formadas por bancos postos aleatoriamente, questiona a rigidez da malha, criando um espaço de aconchego, mas cheio de contradições.
A construção foi realizada a partir de uma forte intuição, a qual levou à estruturação a partir de uma rigorosa malha espacial (pensando no rigor da mesquita de Córdoba). A planta foi desenhada de acordo com os fluxos de cruzamento dos pedestres, criando-se um tensionamento espacial que o qualifica e, estranhamente, o integra. E, ao optar por uma materialidade composta de poucos elementos – pré-moldados, cobertura em material reciclado e bancos – foi possível aos arquitetos atingirem uma ludicidade espacial a um baixo custo, o que viabilizou, economicamente, a sua execução.
Com esta praça, o SETE43 Arquitetura conquistou o 1º Lugar na categoria Arquitetura de Espaços Urbanos na VI BIENAL IBEROAMERICANA DE ARQUITETURA E URBANISMO, Lisboa, 2008, entre outros prêmios.