naia alban
núcleo paripe
(1999)
1º LUGAR
CONCURSO PÚBLICO NACIONAL PARA AS ÁREAS ESTRUTURANTES DO SUBURBIO FERROVIÁRIO - NÚCLEO PARIPE |PMS/IAB-BA |SALVADOR BA.
Em parceria com o Escritório de Ricardo Alpoim
Participaram Escritório de Ricardo Alpoim: Ricardo Alpoim (coordenador) e equipe
Pelo SETE43: Naia Alban e Moacyr Gramacho.
MEMORIAL
“A proposta de urbanização e revitalização apresentada a seguir pretende redesenhar este trecho de cidade, incluindo estes diversos extratos econômicos. Incluindo o barraqueiro, o marisqueiro, o baleiro, o vendedor de coco... Enfim, todos os que sobrevivem por sua própria conta e risco, no desenho do cotidiano, no desenho do espaço urbano, e, de onde eles têm sido alijados.
Propõe, ainda, iniciativas governamentais coordenadas de apoio para fortalecer, desenvolver e perenizar estas atividades, através do treinamento e capacitação de seus atores. Conceituando o espaço urbano, aberto, cotidiano, como um grande shopping.
A oportunidade de realizar uma intervenção como esta é única e, portanto, imperdível. Somente com a coragem aliada à vontade política será possível plantar este embrião que poderá mudar os paradigmas tão arraigados em nossa memória de cidade.
Foi na busca de soluções para a questão de Segregação da Via Férrea, que intuímos essa ideia.
Observamos que o conflito de limites entre: passagem do trem, pedestres e carro, é condição de existência da própria linha férrea implantada, em relação à malha urbana, acabando por expressar um corte, uma fenda a ser tapada. Por que não tirar partido da sua expressão, que se dá na experiência da própria viagem? E se o elemento “Linha de Trem” compusesse um corpo à parte, um lugar que, como um museu, contasse no seu percurso a história do subúrbio?
Porém, pelas suas características espaciais (linha de velocidade), esse “MUSEU” não seria um prédio, um lugar para ir e ver a história, nem mais um mausoléu contemporâneo. O resgate da história se daria pela experiência do viver o presente e, em relação aos trens suburbanos, o presente que se vive é a experiência da viagem: a experiência de passagem de um lugar para o outro. O lugar museu – Centro Cultural – seria a própria linha de trem.
O que se experimenta, ao passá-la, é o que se conta como aprendizado corporal, vivido no deslocamento da velocidade: um ritual de passagem.”
Todo o conjunto do percurso – linha de trem, lugar de conexão, entrada saída – desenhará um “lugar” onde à experiência da viagem soma-se a educativa via de provocação, para resgatar o passado do subúrbio, criando a consciência crítica do seu presente.
Ao longo da linha, seriam construídas esculturas urbanas. Urbanas, pois se relacionam com o corpo pela escala das ruas, avenidas e alamedas. Essas longas esculturas, além de comporem, no seu conjunto, ao longo de todos os quilômetros do percurso, o nosso MUSEU SENSITIVO DO SUBÚRBIO, funcionando como Elementos de Segregação da Via Férrea.”